Helena Bombshell

Olá! Sou Helena, influencer de moda e crítica, apaixonada por tendências e beleza. Nascida e criada em São Paulo, transformo meu olhar sobre estilo em inspiração para todas as garotas que buscam autenticidade e confiança.

O renascimento da Victoria’s Secret

Os anos 2000 marcaram reviravoltas para o mundo todo, inclusive para a Victoria’s Secret. Voltando um pouco no tempo, a marca vivia seus anos dourados com asas de anjos, glitter rosa e novos contratos com supermodelos como Gisele Bündchen, além da consolidação do Fashion Show. Contudo, nada dura para sempre: presenciamos o cancelamento do desfile em 2019 e todas as polêmicas até seu retorno em 2024, com uma proposta que não agradou tanto assim aos fãs da marca. Finalmente, em 2025, acompanhamos o desfile que aconteceu em 15 de outubro e uniu modernidade e tradição, agradando ao público e à crítica. Mas como o Fashion Show conseguiu se reerguer das cinzas?

As revistas da primeira década do século XXI foram caracterizadas por julgar corpos fora do padrão. Apesar da falha tentativa de representação em todas as áreas da arte, corpos marginalizados, como corpos negros, transgênero e gordos, seguiram invisibilizados pela mídia. No ramo da moda, o padrão eram modelos brancas, altas e supermagras, seguindo a tendência da década, fazendo com que uma geração inteira precisasse lidar com problemas de imagem e distúrbios alimentares. Tyra Banks, a primeira mulher negra a assinar contrato com a Victoria’s Secret e ser uma angel, já confessou que, durante muito tempo, sofreu bullying por parte dos estilistas, recebendo cartas e sendo chamada de gorda por aumentar dois números em seu tamanho de roupas. A marca ganhou destaque por suas modelos dentro do padrão, mas também pelas poucas que desafiaram os estereótipos e lutaram para se manter no mercado, mesmo fora dos padrões exigidos, se tornando o que conhecemos hoje.

Em 2018, o último desfile anual foi realizado antes do cancelamento em 2019, por polêmicas. Uma das principais envolveu Ed Razek, antigo diretor de marketing da L Brands, controladora da Victoria’s Secret. Após ser questionado sobre a falta de diversidade na marca, ele declarou à Vogue: “Não acho que teremos esse tipo de modelo, porque esse show é uma fantasia. São 42 minutos de entretenimento.” Após seu pronunciamento e pedido de desculpas, Razek deixou o cargo. O que gerou mais críticas foi o fato de que seu pedido de desligamento ocorreu poucos dias depois da contratação da primeira modelo transgênero pela marca de lingeries, Valentina Sampaio. Na ocasião, internautas comentaram que a tentativa da marca foi falha, apesar da comemoração pela presença da brasileira.

Após todas essas controvérsias e hiatos, o Victoria’s Secret Fashion Show retornou. As considerações do público não foram das melhores: muitas críticas giraram em torno da chamada “inclusão forçada”, termo usado por parte dos fãs e da mídia para questionar a nova direção artística da marca, que buscava se alinhar aos discursos contemporâneos de diversidade. O retorno de 2024 tentou abraçar uma nova identidade, mas acabou sendo percebido como artificial, uma tentativa desesperada de corrigir erros do passado sem compreender de fato as transformações do presente.

Por outro lado, o desfile de 2025, realizado em 15 de outubro, marcou uma virada. A marca parece finalmente ter encontrado o equilíbrio entre modernidade e tradição, unindo representatividade genuína e a estética luxuosa que a consagrou nos anos 2000. As asas voltaram, mas repaginadas, com performances mais artísticas do que performáticas. Modelos de diferentes corpos, etnias e identidades dividiram a passarela de maneira orgânica, sem que a inclusão parecesse um artifício de marketing.

As críticas, dessa vez, foram mais positivas. Revistas especializadas elogiaram o esforço de reconciliação com o público e a imprensa destacou a “nova era” da Victoria’s Secret, que conseguiu recuperar parte do prestígio perdido. O Fashion Show 2025 não apenas reergueu uma marca, mas reergueu uma narrativa: a de que a moda pode, sim, evoluir sem abandonar o glamour que a fez história.